sábado, 23 de março de 2013

rick, a saudade e o violino

meu querido h.adams. como tem passado? estive um pouco fora de circulação. passei uma temporada numa estação de águas. recomendo meu querido, estou renovada. e você? me conte das suas aventuras. sobre a pergunta que você me enviou a resposta é sim, poderemos fazer isso. paris, ah paris... já avisei ao pianista, e a queridíssima edith já nos espera.  seus negócios em londres saíram como esperado? estimo que sim. ah meu fiel e insubstituível adams, tantas histórias para lhe contar. não é que me descobri apaixonada? encontrei por acaso com ele ao fazer compras numa lojinha no começo da tarde. estava bastante atrapalhada, com pressa e nem percebi o que se passava ao redor. esbarramos um no outro. minhas compras foram ao chão.
 – me desculpe, disse ele.
  não foi nada, respondi já saindo apressada.
  ei, não lembra de mim?
parei para prestar atenção. lógico que lembrava. como esquecer aquele sorriso, aquele affair?
– claro, você é o rick.
sim, era ele. sorrimos um para o outro e ele percebeu minha pressa.
– bom vê-la. quer ajuda para carregar isso ai?
eu quis.
– quanto tempo, não é? uns seis anos? perguntei.
– quase isso. faz sete anos que não nos vemos, respondeu ele.
nossa, que memória! pensei e fui logo falando:  
– e você está bem? trabalhando? casou-se?
ele me contou que estava fazendo uns trabalhos manuais paralelos a sua dedicação à música.
- estou construindo violinos, me contou orgulhoso.
 também falou que nas horas vagas seguia tocando nos melhores salões, ocupava um horário noturno como maestro da orquestra sinfônica e para ganhar dinheiro vendia violinos.
– artista hoje em dia morre de fome, comentou distraidamente.
tinha três filhos e casara-se havia cinco anos.
morava em uma pequena casa no final da alameda dos juncos. eu contei a ele que estava passando alguns dias na estação das águas. na esquina da pousada onde me instalei, pedi minhas compras e me despedi dele.
– você quer me ver amanhã? perguntou.
– amanhã? algo especial?
– sim, meu aniversário.
– ó, é verdade. então tá bem. muita gente convidada?
– pouca gente. venha até a minha casa. às oito, combinado?
–combinado.
no outro dia cheguei um pouco atrasada, me perdi pra achar a casa, mas achei. quando bati na porta ouvia música lá dentro.
– parabéns. toma, pra você, uma lembrancinha, disse eu entregando uma garrafa de vinho.
estávamos sozinhos. perguntei se era a primeira a chegar e ele respondeu que seria a única.
– então não é uma festa? perguntei
– sim, uma festa para nós dois, respondeu. eu não estou muito alegre e nem ia fazer nada, mas ao te encontrar achei que poderíamos matar a saudade e assim...inventei a festinha, me disse ele quase tímido. 
– tudo bem, parabéns, de qualquer maneira. sorri pra ele.
sentamos na varanda da casa. uma brisa suave soprava naquela noite e a lua cheia era nossa testemunha.
ele abriu a garrafa que levei de presente e começamos a conversar . ele me contava detalhes de seu trabalho manual e eu ria encantada. estávamos muito próximos e eu podia sentir o calor que vinha do corpo dele.
  e sua esposa? perguntei.
  deve estar bem. estamos separados. ai ele me contou uma pequena história de como estava ruim a vida do casal, como ele já havia anunciado que não queria mais o casamento e como havia saído de casa no mês passado.
– sem chances de vocês reatarem? afinal as crianças...
– sim, ainda sem chances. perdemos o encanto, me explicou ele.
eu não fiz mais perguntas. na realidade bastava saber que ele não tinha mais compromissos. eu sentia o cheiro dele penetrando meus sentidos. sua boca, seu perfume discreto e natural. ele tinha lindos cachos revoltos, um olhar sincero e um nariz desenhado por anjos. o sorriso dele iluminava o ambiente. tinha mãos de artista, se vestia de maneira simples mas com uma elegância inerente. o vinho nos esquentou. abrimos outro e nos embriagamos suavemente. ele estava sedutor e aos poucos me encarava cada vez mais demoradamente. eu sentia seus olhos penetrando em mim.  de repente aquele momento em que parece que tudo fica paralisado, o ar não sai nem entra nos pulmões, o mundo para de girar. ele se aproxima da minha boca e me beija. um beijo envolvente, a língua enchendo minha boca. eu perdi o fôlego. que saudade daquele beijo. imediatamente todos os nossos melhores momentos vieram a minha memória. rick tinha sido um amor de verão que havia se entendido por várias outras estações. o que nasceu para ser uma aventura rápida havia se transformado em algo duradouro, além do esperado. tivemos uma linda história de amor por quase dois anos. a vida nos separou, a distância ajudou a nunca mais nos encontrarmos. mas agora ali estava ele novamente, com aquele mesmo beijo, os mesmos carinhos, o mesmo toque que tanto me encantava. eu fui apaixonada por ele e naquele momento senti de volta toda a paixão que estava guardada em mim. eu queria rick com todas as minhas forças. mais um beijo e ele me falou que não esqueceria nunca daquele momento. eu também nunca mais esquecerei.
eu flutuava. os beijos não tinham fim, ficaram cada vez mais molhados e sensuais. eu já gemia só dele encostar seu corpo no meu. os toques  cada vez mais atrevidos. estava tarde, eu não queria, mas precisava ir embora. ele insistiu para eu ficar, mas eu precisa ir, no outro dia tinha vários compromissos inadiáveis. combinamos de eu voltar. eu prometi que sim. nos despedimos com beijos ardentemente. nossos corpos insistiam em não se separar. deixa-lo foi quase uma tarefa impossível. nos procurávamos com fome e sede de nós mesmos. eu já perdera a compostura, estava descabelada, arfando e quente. ele também estava entregue e apaixonado. nos obrigamos a nos separar. me despedi dele entre sorrisos e sussurros.
no outro dia acordei cedo, resolvi minhas obrigações e eu não tirava o cheiro dele do pensamento, nem os beijos, nem as carícias. ele tinha um jeito especial de me segurar pela cintura apertando minhas costas, isso me deixava de pernas bambas. na hora do almoço, estava eu num bistrô quando ele chega distraído. senta próximo mas não me vê. meu coração parecia que ia sair pela boca. será que ele não me viu mesmo? fiquei quieta. meu prato chegou. comi e pedi sobremesa e ele absorto em seus pensamentos. levantei para ir embora. desistindo de qualquer aproximação. quando eu já estava do lado de fora ele veio atrás de mim. pediu mil desculpas , contou que não dormira direito à noite, e que estava realmente distraído. me convidou para um passeio. ele estava lindo. uma blusa branca, impecável. os cabelos úmidos, o perfume inconfundível.
– vamos, me disse ele espalhando aquele sorriso por cima de mim.
eu não sabia o que esperar. ele rapidamente tomou conta da situação, beijou minha boca suavemente, pegou minha mão e me levou rua abaixo.
– vamos lá pra casa, disse ele.
caminhamos mais um pouco, minha felicidade em estar ali era tanta que eu não pensava muito em nada. o sol estava quente, mas não nos assustava. chegamos. durante o dia pude perceber que a casa tinha uma cerca de madeira. eu já havia gostado daquele lugar, agora então estava ainda mais aconchegante e convidativo. entramos pela porta principal. havia poucos móveis por ali, mas o suficiente. sentamos embaixo das grandes árvores do imenso pátio. estávamos leves e felizes. depois de alguma conversa, levantou e me levou em direção a casa.
– quero mostrar uma coisa, me disse com um certo mistério.
fui com ele até a escada que levava ao segundo andar. subimos rindo. ele segurava minha mão. no fim da escada, um quarto. o quarto dele. arrumado, cheiroso. enormes janelas iluminavam o ambiente. da janela lateral era possível ver a cachoeira de onde represavam as águas da estação de tratamento onde eu fazia meu descanso. era um lugar lindo. cheio de verde, uma linha de trem passava no horizonte. e a enorme cachoeira enchia o ambiente de vida. ficamos assim admirando aquela natureza pela janela quando ele se encostou em mim. nossas pernas se enroscavam. ele me puxou em direção a ele e beijou minha boca. ficamos assim perdidos em nossos lábios. as mãos dele percorreram meu corpo. eu me arrepiava e me sentia cada vez mais entregue a ele. nos abraçamos e senti seus dedos tocando minha pele. aos poucos ele foi tirando minha roupa e fiquei nua em frente a ele. seus olhos me percorriam inteira e ele lambia os lábios. ele me queria. aos poucos foi lambendo meu pescoço, meu colo e meus seios. encheu a boca com eles. ia de um ao outro. com as mãos segurava com força meus mamilos. fiquei cheia de desejo ao ver aquele homem mamando em mim. eu já não conseguia mais me conter em pé. ali diante daquela janela minhas pernas tremiam. ele me levou em direção a sua cama e nos deitamos nela. ele por cima de mim me beijava a boca, os seios, a barriga. mordia meus lábios, meu pescoço. as mãos procuravam meu corpo. ele foi descendo com a língua até chegar a minha virilha e com muita calma abriu minhas pernas. eu me entreguei a ele. ele enfiou a língua em mim. sua boca me chupava, me deixava molhada e sem noção de tanto prazer. eu me mexia na boca dele. suas mãos apertavam minha pele. e ele me fez gozar assim, me chupando e lambendo. enquanto me derretia. quando eu quase gritei de prazer ele enfiou seu pau em mim sentindo meu gozo entre as suas pernas. penetrou em mim com tesão. me encarava. não fechamos os olhos. ele meteu com força cada vez mais fundo até que também gozou entre gemidos. nos beijamos com ele dentro de mim. ele se afundou nos meus cabelos e caiu para o lado, ofegante. nossas pernas se entrelaçavam, deitei no peito dele e ficamos assim até a respiração voltar ao normal...e agora? me perguntava...
e agora, meu querido adams, é que não parou por ai. a noite chegou e não saímos daquela cama para nada. apenas para beber um gole de água. assim como aquele dia houve muitos outros, muitas tarde e noites e manhãs. sai da pousada, deixei a estação das águas e fiquei com ele o resto do tempo. tive de vir embora, meus compromissos não podem ser adiados mas estou contando os dias para voltar aos braços dele. o que eu faço? não nos prometemos nada, nem nos cobramos, nem fizemos planos e ao mesmo tempo fizemos milhares deles. e eu? eu estou completamente apaixonada por ele.

quinta-feira, 21 de março de 2013

quarta-feira, 6 de março de 2013